Quatro líderes indígenas peruanos foram assassinados dia 1º deste mês.
'Sensação de insegurança', diz líder ashaninka brasileiro.
A morte de quatro líderes indígenas peruanos, do povo Ashaninka,
assustou os indígenas brasileiros que vivem em área de fronteira. Edwin
Chota Valera, Leôncio Quinticima Melendez, Jorge Rios Perez e Francisco
Pinedo, membros da Comunidade Nativa Alto Tamaya – Saweto, foram mortos
no dia 1º de setembro, na fronteira com o Peru, quando se deslocavam
pela floresta em direção à aldeia Apiwtxa, na Terra Indígena Ashaninka
do Rio Amônia, localizada no lado brasileiro, em Marechal Thaumaturgo (AC), a 559 km de Rio Branco.
Apesar da morte ter ocorrido no último dia primeiro, apenas no domingo
(7) os indígenas brasileiros ficaram sabendo na notícia, informou o
líder indígena ashaninka da aldeia brasileira, Francisco Pyãnko.
"Estávamos aguardando eles para uma reunião na última segunda (1), como
eles não apareceram saímos da aldeia para cuidar de outras agendas.
Sábado (6) descobrimos que estava circulando algumas informações sobre
uma possível morte, fomos procurar e confirmamos a notícia no domingo",
conta.
A suspeita, segundo ele, é que os indígenas tenham sido mortos por
madeireiros e narcotraficantes da região. Ele teme que o mesmo ocorra
do lado brasileiro.
"Nós temos uma articulação com várias comunidades da região de
fronteira e a nossa pauta é uma posição contra os madeireiros e
narcotraficantes na região. O que ocorreu, pra nós, é muito claro que
tem uma relação direta com esse trabalho. A gente sente muito, porque dá
uma sensação de insegurança no lado do Brasil. Estamos muito
revoltados, achávamos que isso [assassinatos] era coisa do passado", disse.
Pyãnko informou ainda que o governo estadual, a Polícia Federal, o
Exército Brasileiro e a Fundação Nacional do índio (Funai) foram
acionados. Os indígenas querem reforçar a segurança na fronteira
brasileira. "Das pessoas que morreram, muitas tem família que moram na
nossa terra, no lado brasileiro. Esses líderes assassinados são bastante
conhecidos na comunidade internacional, estamos chocados e assustados
com o que pode ocorrer. A sensação de insegurança é muito grande",
afirma.
ONG lança nota
A Comissão Pró-Índio do Acre (CPI-AC), organização não governamental acreana, emitiu uma nota de pesar nesta segunda-feira (8) sobre o assassinato de Edwin Chota Valera, Leoncio Quinticima Melendez, Jorge Rios Perez e Francisco Pinedo, no dia 1 de setembro. A ONG reforçou que existe uma 'sensação de insegurança' das comunidades de fronteira devido à mobilização das lideranças para impedir a investida de 'grupos criminosos' sobre os territórios.
A Comissão Pró-Índio do Acre (CPI-AC), organização não governamental acreana, emitiu uma nota de pesar nesta segunda-feira (8) sobre o assassinato de Edwin Chota Valera, Leoncio Quinticima Melendez, Jorge Rios Perez e Francisco Pinedo, no dia 1 de setembro. A ONG reforçou que existe uma 'sensação de insegurança' das comunidades de fronteira devido à mobilização das lideranças para impedir a investida de 'grupos criminosos' sobre os territórios.
"Esperamos que o Estado peruano apure imediatamente este caso, com
rigor, e não deixe se instalar a impunidade, como observado em casos
anteriores, de crimes contra os direitos indígenas. Reafirmamos também a
necessidade, diversas vezes já expressa, que os governos do Acre e
federal respondam as demandas de fiscalização da fronteira, com ações
mais contínuas, apoiando as comunidades indígenas que nela habitam e que
continuam como atores solitários da defesa do território brasileiro",
diz a nota.
Veriana Ribeiro G1/AC
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