A Câmara Cível do Tribunal de Justiça condenou o Estado do Acre ao
pagamento de indenização de R$ 80 mil a Raiemerson Cruz Feitosa, vítima
de danos morais e estéticos durante uma ação da Polícia Militar há
quatro anos, na periferia de Rio Branco. O Estado do Acre também terá
que pagar R$ 20 mil de indenização à família da vítima.
- Está demonstrada nos autos a agressão física da vítima, que
resultou em seqüelas físicas irreversíveis; está cabalmente provado o
excesso na ação policial, de modo que o agente público extrapolou os
limites do estrito cumprimento do seu dever funcional, ficando
configurada a obrigação estatal de indenizá-la pelos danos efetivamente
sofridos – diz o voto da desembargadora relatora Cezarinete Angelim.
Raiemerson Cruz Feitosa foi vítima de atrocidades cometidas pelo cabo
da Polícia Militar Antônio José Costa da Silva e pelo sargento
Francisco Jocimar de Souza Oliveira, que chefiava a operação.
Os PMs flagraram três rapazes fumando maconha. Ao perceber o
arremesso da ponta de cigarro, os policiais mandaram que o adolescente
recolhesse e a engolisse. Como se recusou a engolir, o PM iniciou uma
violenta série de agressões físicas, desferindo-lhe tapas nas costas e
no rosto, socos no abdômen, além de ter apertado e torcido a bolsa
escrotal, em uma demonstração de sadismo.
Durante nova batida policial, três messes depois, Raiemerson Feitosa
foi vítima de truculência do mesmo policial, que o agrediu física e
moralmente.
Na ocasião, o PM chegou a apalpar suas partes íntimas para “verificar se a vítima estava sem o ovo mesmo”.
Em janeiro do ano seguinte, em frente à casa do adolescente, o
policial Antônio da Silva apontou um revólver, afirmando que quando
estivesse em serviço “iria colocá-lo na viatura policial e levá-lo para a
estrada, onde efetuaria tiros em sua cara.”
Os dois policiais confirmaram que abordaram novamente o adolescente,
em duas outras ocasiões. Laudo médico do Hospital de Urgência e
Emergência de Rio Branco (Huerb) constatou que o adolescente teve torção
no testículo esquerdo. Submetido a tratamento cirúrgico, os médicos
tiveram que extirpar o testículo.
A vítima retornou ao Huerb, sendo submetido a uma inguinotomia
exploradora (procedimento cirúrgico), quando foi diagnosticado infecção
na área testicular.
Além disso, a vítima foi internada novamente no hospital, com
diagnóstico de litíase renal (pedra nos rins), muito provavelmente por
causa das pancadas que recebeu no flanco esquerdo, na fosse ilíaca
esquerda e na região frontal esquerda, conforme atestam a ficha de
identificação do paciente e o laudo de internação hospitalar.
A desembargadora ressaltou que a abordagem policial ocorreu mediante
violência gratuita e despropositada e que o sargento Francisco Oliveira,
na condição de comandante de equipe, omitiu-se em impedir tamanha
barbaridade.
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