A morte de duas mulheres e um bebê, em menos de 24 horas da maternidade
Bárbara Heliodora revoltou os familiares das pacientes, que acusam a
equipe médica da unidade de saúde por negligência médica e falta de
atendimento.
O diretor técnico da maternidade, o médico Edvaldo Amorim contesta as
acusações e afirma que os médicos realizaram os procedimentos adequados
no atendimento a grávida Karine de Paula Bezerra Machado, 18, e a
enfermeira Janet Gonzaga Oliveira, 41.
Segundo Kátia Maria, 38, mãe de Karine de Paula, grávida de oito
meses, sua filha teria dado entrada na maternidade, na segunda-feira,
para uma consulta de rotina do pré-natal, e passou mal. Com a pressão
alterada foi levada setor de emergência, e medicada.
Karine de Paula teria feito um eletrocardiograma, já que seu coração
estaria acelerado. Após receber medicamento para controlar a pressão, a
grávida foi encaminhada a consulta de pré-natal. A paciente recebeu
alta médica, mesmo sob protesto de sua mãe.
De volta à maternidade na quarta-feira, 20, a jovem recebeu
encaminhamento para fazer novos exames no Hospital das Clínicas, mas
morreu juntamente com sua filha, em casa, na manhã de ontem, por volta
das 10h30m.
No cartão de atendimento haveria a indicação de uma gravidez de
risco. De acordo com a mãe da paciente morta, haveria a anotação de
pré-eclampisia, [problema grave que acontece a partir da segunda metade
da gravidez] no cartão de atendimento de sua filha.
Revoltada, Kátia Maria, mãe da paciente acusa a equipe da maternidade
por negligência. “A negligência foi total. Se minha filha já estava com
oito meses de gravidez e os médicos sabiam que ela estava com suspeita
de pré-eclâmpsia, porque não fizeram uma cesariana?”.
Os familiares de Karine de Paula registraram o boletim de ocorrência e
pretendem recorre ao Conselho Regional de Medicina (CRM) e Ministério
Público Estadual (MPE), para investigar e punir os culpados pelo suposto
caso de negligência Médica.
De acordo com o médico Edvaldo Amorim, a gravidez da Karine de Paula
estava sendo acompanhado desde o segundo mês de gestação. “A paciente
sofria de asma e pressão alta. Na última consulta ela foi encaminhada ao
cardiologista. Temos que apurar porque ela foi para casa e não seguiu a
indicação médica”.
O médico disse ainda, que a paciente não teria feito um
eletrocardiograma, na maternidade e, sim, uma cardiotocografia (CTG),
“exame para ver se a criança estava bem. Vendo que o bebê estava bem e a
pressão estava se normalizando, o médico a liberou”, diz Edvaldo
Amorim.
O diretor técnico da maternidade disse que não poderia falar se houve
falha no atendimento, destacando que o caso deverá ser encaminhado ao
CRM, que deverá fazer uma sindicância para saber houve erro médico ou
negligência no atendimento.
“Como diretor não posso dizer se houveram erros. O que temos que
fazer é pegar o prontuário médico e obrigatoriamente encaminhar ao nosso
conselho. Se a família levanta suspeita do procedimento, a investigação
tem que ser feita no CRM”, enfatiza o médico.
Enfermeira morreu de infecção generalizada
A família da enfermeira Janet Gonzaga Souza, 41, que morreu no dia de ontem, na Maternidade Bárbara Heliodora, de infecção generalizada, protestou pela suposta falta de médicos para atender os pacientes na unidade de saúde.
Segundo Janeide Gonzaga, 38, irmão da enfermeira morta, Janet Gonzaga
teria dado entrada na maternidade por três vezes, desde a sexta-feira,
da semana passada, com um sangramento ininterrupto, vindo a óbito ontem,
após uma intervenção cirúrgica.
A família suspeita que o motivo do sangramento tenha sido a aplicação
de um anticoncepcional. De acordo com Janeide, sua irmã teria sido
vítima de erro médico e falta de atendimento. “Ela passou um dia inteiro
sendo acompanhada só pelas colegas”, afirma.
A paciente teria recebido medicação para estancar o sangramento e
liberada em seguida, no último sábado. Com fortes dores abdominais,
Janet voltou à maternidade outras duas vezes, ficando em observação
médica até sua morte por infecção generalizada.
“Quando as enfermeiras viram que a situação se agravou correram para
conseguir um médico. Fizeram uma ultrassonografia e descobriram que ela
estava cheia de liquido no abdômen. O médico fez a cirurgia, mas não
teve como reverter o quadro, já era tarde”, lamenta Janeide.
O diretor técnico da maternidade negou que a paciente tenha ficado
sem atendimento. Edvaldo Amorim diz ainda, que a cirurgia não chegou a
ser feita, já que a paciente teve duas paradas cardíacas, durante a
preparação do procedimento.
O médico afirmou ainda, que a morte de Janet Gonzaga, não teria sido
causada pelo anticoncepcional ou pela medicação ministrada na
maternidade. Amorim confirmou que a cavidade abdominal da paciente
estaria cheia de pus.
Edvaldo Amorim destacou que os médicos trabalham com base nos relatos
do paciente. De acordo com ele, Janet Gonzaga informou apenas sobre o
sangramento, não tendo feito qualquer menção sobre as dores abdominais.
O clima de revolta tomou conta das duas famílias atingidas pelas
mortes, após atendimento na maternidade de Rio Branco. Os familiares de
Karine de Paula, 18, e Janet Gonzaga, 41, esperam que as autoridades
possam esclarecer os fatos acerca dos óbitos.
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